quarta-feira, 15 de abril de 2020

Quiero verte una vez más


Ainda recordo o que senti quando, ao dar-lhe dois beijinhos inocentes, o seu aroma me deixou…. É fantástico o efeito que os perfumes têm em mim, quando vêm a envolver um corpo que adivinhas perfeito. A vontade de o descobrir e beijar, centímetro por centímetro, antes de o apertar num abraço vigoroso deixou-me durante dias sem conseguir pensar noutra coisa. Não é meu hábito, mas toquei-lhe levemente no braço enquanto a cumprimentava. Confusão com o capacete, finalmente na cedeira em frente, e eis que estamos sentados a desfrutar o sol de inverno e eu a sentir aquele aroma doce. Rimo-nos que nem perdidos, antevendo o que já me parecia inevitável.

E, sem aviso prévio, quando tudo parecia bem encaminhado chegou o balde de água fria: Mas tu és casado! E como explicar, naquele momento, uma situação que se arrastava há quase um ano? Lá fiz o triplo mortal, com pirueta e um flic-flac à retaguarda, mas não pareceu convencida. Mesmo sendo uma pessoa que praticou ginástica, senti que era demais. What if, disse-lhe? Não queria complicações, o que para mim me pareceu música, com alguma esperança.

Entretanto reparei como o preto lhe ficava tão bem e como aquelas calças elásticas revelavam ainda mais do que tinha percebido naqueles segundos de contacto no almoço… Adoro o calor, também por isso, e o calor de Dezembro permite combinar uma lingerie sedutora com uma roupa mais ligeira…Entretido nestes pensamentos acabei por lhe perguntar por onde andava, no Tango, uma vez que nunca nos tínhamos cruzado. Desencontros, que urgia reparar. Ficou logo combinada a ida a uma Milonga e, entretanto, estávamos quase na hora de almoço. Não quis arriscar mais e, sabendo que tínhamos uma amiga em comum, despedi-me com esperança de uma aliada que confirmasse a minha história.

Novamente aquele aroma suave e a despedida já me custou mais. A promessa da Milonga aliviou o stress, mas o leve contacto com o seu peito deixou-me aos saltos, a pensar que o tempo ia parar… Duas semanas difíceis se adivinhavam, mas lá passaram por fim, e chegou o dia da Milonga.
Via-a entrar quando o tempo parou. Estava a dançar, mas reparei que não trazia sapatos, o que não era um bom sinal. Lembro-me que me tinha dito que não dançava Tango há muito tempo, mas o estar lá, para mim, já era uma esperança.

Deixei passar várias tandas antes de a convidar para dançar. Queria abraçá-la, mas não queria embaraçá-la… Relutantemente aceitou. Não podíamos ficar por aqui. Como vinha com uns amigos que também não dançavam, quiseram ir mais cedo. Não a podia acompanhar mas, desesperadamente, tinha de a ver outra vez, de lhe dar o abraço que lhe tinha prometido, de dançar com ela, de a ter bem junto a mim. E em breve.

Continua...


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