É fantástica a
organização do mundo, para quem acredita que há um ser supremo a orquestrar os
destinos das pessoas… Mas, mesmo para quem não acredita, não deixa de ser
fantástica a série de coincidências, de quase encontros – não lhes posso chamar
desencontros, pois não os houve – de estar tão perto e tão longe… E apenas anos,
ou séculos (…), mais tarde encontrarmos essa pessoa que viveu nos mesmos espaços
físicos e temporais, com quem não privámos na altura – e talvez não o devêssemos
ter feito – e sentir que afinal tens uma alma gémea, simétrica?
E será que nos devíamos
ter cruzado?
Penso nisso com
frequência, não com um saudosismo bacoco, mas com a sensação que teria sido
muito mais feliz. Racionalizo com um mais vale tarde do que nunca e abraço-a
com força, como que não quer deixar fugir. Como se, alguma vez se pudesse, ou
quisesse, prender alguém!
Ouvi esta música, pela
primeira vez, na mesma altura em que a devia ter conhecido. Não deixa de ser
mais uma das tais coincidências sem explicação… Hoje representa muito mais para
mim, do que nessa altura, em que era apenas mais uma música que dançávamos nesses
anos loucos do final da década de 70, princípio dos anos 80.
A vida dá-nos muitas
lições, mas raramente nos dá uma segunda oportunidade. Tive essa sorte, não a
quero perder. Agarro-a e aperto-a contra mim, com firmeza. My Everything!
Hoje sinto-me particularmente
nostálgico, talvez por saber que há 17 anos, com 58 anos, nos deixava este
grande compositor e intérprete de soul, funk e disco, que foi o Barry White. A
vida é tão ténue e frágil como a felicidade. E para que nos serve a primeira
sem a segunda?
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